Discos Fundamentais: Harvey Mandel - Cristo Redentor (1968)


Por Ricardo Seelig
Colecionador
Collector´s Room

O guitarrista americano Harvey "The Snake" Mandel, nascido em 11 de março de 1945, é mais conhecido pela sua passagem pelo Canned Heat, onde ficou entre 1969 e 1970. A entrada de Mandel no Canned Heat ocorreu de forma curiosa: na noite em que o guitarrista original da banda, Henry Vestine, deixou o grupo antes de uma apresentação no Fillmore West, Harry estava no camarim da casa de shows. Para substituir Vestine, o grupo convidou Mike Bloomfield, que tocou no primeiro set apresentado pelo Canned Heat naquela noite, e escolheu Mandel para tocar o segundo show daquele mesmo dia. Como as coisas rolaram de maneira tranquila, Harvey Mandel foi efetivado no grupo, realizando sua terceira apresentação no
Festival de Woodstock.

Outra passagem importante da carreira de Mandel foi o seu período como integrante da banda de John Mayall. Ao lado de seu chapa no Heat, o baixista Larry Taylor, Harvey tocou ao lado de Mayall por dois anos, gravando os álbuns
USA Union e Back to the Roots, lançados em 1970 e 1971, respectivamente.

Após deixar o conjunto do lendário bluesman inglês, Mandel fundou o Pure Food and Drug Act com o violinista Don "Sugarcane" Harris, o guitarrista Randy Resnick, o baixista Victor Cinte e o baterista Paul Lagos. O grupo gravou apenas um disco,
Choice Cuts, lançado em 1972, e logo depois se desfez.

Para entender a importância e o prestígio de Harvey Mandel, cito dois pequenos exemplos. Ele foi um dos pioneiros na técnica conhecida como
two-handed tapping, popularizada por Eddie Van Halen no final da década de setenta, e, quando Mick Taylor deixou os Stones em dezembro de 1974 Mandel foi chamado para fazer audições com a banda, e, mesmo não tendo entrado no grupo, gravou ao lado de Jagger, Richards e companhia duas faixas para o disco Black and Blue, lançado em 1976, sendo que a mais conhecida delas foi o single "Hot Stuff".

Mas o que importa aqui é o primeiro álbum solo de Mandel,
Cristo Redentor, lançado em 1968. O disco traz dez faixas, todas instrumentais, e confesso que tenho uma grande dificuldade em definir em que estilo elas se encaixariam. Blues? Jazz? Jazz blues (isso existe?)? Fusion? A sonoridade do trabalho é ao mesmo tempo crua e refinada, com arranjos muito bem feitos, solos calmos e manhosos de Mandel, temperados por andamentos repletos de groove. Um dos álbuns mais sensacionais que eu já ouvi, Cristo Redentor é daqueles raros discos com o poder de transportar o ouvinte para uma dimensão paralela, repleta de cores e sensações.

A versão em CD, lançada em 2003 pela Raven Records com o título de
Cristo Redentor ... Plus Selected Sessions (Cat# RVCD 163) traz, além das faixas originais do trabalho, músicas gravadas por Harvey Mandel ao lado de Barry Goldberg, Canned Heat, Pure Food and Drug Act e Love, formando uma retrospectiva de respeito da obra deste genial instrumentista.

Recomendado.

Faixas:
A1. Cristo Redentor - 3:45
A2. Before Six - 6:25
A3. The Lark - 4:39
A4. Snake - 3:45
A5. Long Wait - 2:48

B1. Wade in the Water - 7:48
B2. Lights Out - 4:48
B3. Bradley's Barn - 3:17
B4. You Can't Tell Me - 4:20
B5. Nashville 1 A.M. - 3:39

Comentários