Castiga!: O encontro entre Robert Plant e Alison Krauss


Por Marco Antonio Gonçalves
Colecionador
Sinister Salad Musikal

O disco
Raising Sand, de Robert Plant e Alison Krauss, foi sem dúvida um dos melhores lançamentos fonográficos de 2007. Quem ainda não escutou esta belezinha tem que correr atrás. 2007, aliás, foi providencial para o roqueiro britânico que, além deste belo trabalho com a atual diva do bluegrass norte-americano, reuniu os velhos comparsas Jimmy Page e John Paul Jones - e ainda Jason Bonham, filho do mítico baterista John “Bonzo” Bonham, morto em 1980 - para celebrar a volta do Led Zeppelin em um show histórico, em Londres.

Raising Sand é daqueles discos que curto cada vez mais a cada nova audição. Se você é um daqueles rockers veteranos que espera pelo approach e a sonoridade pesada dos tempos zeppelianos, pode tirar o cavalinho da areia (ops). Gravado em Nashville e Los Angeles, conta com a produção do renomado músico e produtor T. Bone Burnett (de trabalhos com Roy Orbison, Los Lobos, Elvis Costello e Wallflowers, entre tantos) e mostra a harmonia do combinado Plant/Krauss embalando canções acústicas nos formatos folk, country, rock e r&b. Um dueto zen que cai redondo tal qual um gole de conhaque numa noite de inverno.


Mister Robert Plant é um senhor tomado de amadurecimento, cantando sem afetações e demonstrando uma tranquilidade e paz interior de causar inveja a um coral de monges budistas. E Alison Krauss te pega de jeito com sua voz aguda, melódica e confortante, vinda de outra dimensão (escute “Sister Rosetta Goes Before Us”, “Trampled Rose” ou “Let Your Loss Be Your Lesson”, por exemplo, e diga se estou mentindo). Como se não bastasse seu canto angelical, Alison ainda toca violino, deixando as melodias ainda mais próximas do paraíso.

Músicas dos Everly Brothers (“Gone Gone Gone - Done Moved On”), Tom Waits (“Trampled Rose”), Gene Clark pós The Byrds (“Polly Come Home” e “Througt The Morning, Througt The Night”), Townes Van Zandt (“Nothin”) e Page & Plant (“Please Read the Letter”, gravada pelos parceiros no álbum
Walking Into Clarksdale, de 1998 ) se destacam em meio a outras canções não menos inspiradas. Percursos naturais para absorver esta obra sensível, cativante e de muito bom gosto que traz na seção rítmica convidados de naipe afiado: o guitarrista Marc Ribot (Los Cubanos Postizos, Tom Waits, John Zorn), o batera Jay Bellerose (Bill Frisell / Nina Nastasia), Dennis Crouch (Johnny Cash / Nashville Bluegrass Band) no baixo acústico e Riley Baugus, que se reveza com Ribot no banjo.

De uma cumplicidade e simplicidade que chegam a emocionar. Contra-indicado para batráquios rastejantes, insensíveis ou energúmenos.

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