Discos Fundamentais: Herbie Hancock - Head Hunters (1973)


Por Ricardo Seelig
Colecionador
Collector´s Room

Um dos músicos mais populares e influentes da história do jazz, Herbert Jeffrey Hancock nasceu em Chicago em 1940 e desde cedo esteve em contato com a música. Aos sete anos Herbie já estudava música clássica, e aos onze deixou boquiabertos todos que presenciaram sua performance tocando o "Concerto para Piano Número 5 em D Menor" de Mozart, ao lado da Orquestra de Chicago.

Como outros prodígios do gênero, o jovem Herbie nunca teve um professor que lhe ensinasse os fundamentos práticos e teóricos do jazz. Hancock se interessou pelo gênero ao entrar em contato com gravações de Oscar Peterson e George Shearing. Extremamente atraído pelas contruções harmônicas e melódicas do estilo, se embrenhou no estudo teórico das composições de Peterson, Shearing e outros nomes fundamentais, principalmente Miles Davis e John Coltrane.

A carreira de Herbie Hancock tomou um novo rumo quando, em 1963, juntou-se ao novo grupo de Miles, considerado pelos críticos como o "segundo grande quinteto" do trompetista. Ao seu lado estavam o baixista Ron Carter, o baterista Tony Williams (então com apenas 17 anos) e Wayne Shorter no saxofone. A parceria com Miles rendeu ótimos frutos para os dois lados, com o trompetista gravando mais alguns capítulos fundamentais da história do jazz ao lado de Herbie, como
In a Silent Way (1969), A Tribute to Jack Johnson (1971) e On the Corner (1972).

Mesmo quando estava ao lado de Davis, Herbie Hancock já dava seus próprios passos lançando uma série de discos solos. Entre eles, merecem atenção especial
Inventions and Dimensions de 1963, Empyrean Isles de 1964 e Maiden Voyage de 1965. Mas foi apenas em 1973 que Herbie passou de um excelente instrumentista para um dos músicos mais importantes e influentes do jazz. O culpado por essa transformação foi Head Hunters.

Lançado em 13 de outubro de 1973,
Head Hunters é um dos álbuns mais vendidos da história do jazz, ao lado de clássicos como Time Out do Dave Brubeck Quartet e Bitches Brew de Miles Davis. São apenas quatro faixas, mas que valem muito.

O groove contagiante de "Chameleon" abre o disco de forma sensacional. São quase dezesseis minutos hipnóticos, com camadas sonoras se sobrepondo umas às outras, construindo uma faixa que, já em seus primeiros momentos, antecipa a maravilha que Herbie Hancock e sua gangue nos prepararam. O início doce de "Watermelon Man" mantém o nível nas alturas, introduzindo um funkaço de rachar o chão. O entrosamento do quinteto é absurdo, com cada músico entregando algumas das melhores performances de suas carreiras.

"Sly" e "Vein Melter" completam a bolacha com mais ritmos animais, harmonias que fogem do comum e arranjos complexos que conseguem a proeza de soar simples aos ouvidos. Herbie Hancock usa toda a sua técnica espetacular para compor um trabalho que pega as raízes da música negra, pesca elementos das ruas, mantendo toda a autenticidade e a força do funk, mas acrescentando um requinte que poucas vezes esse gênero alcançou em sua história.

Maravilhoso, maravilhoso, maravilhoso!!! E tenho dito.

Faixas:
A1. Chameleon - 15:41
A2. Watermelon Man - 6:29

B1. Sly - 10:18
B2. Vein Melter - 9:10

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