Resenha do livro 'According to the Rolling Stones'!



Por Ricardo Seelig


According to the Rolling Stones é uma espécie de Santo Graal para os fãs dos Stones. Biografia oficial do grupo, construída a partir dos depoimentos dos próprios Mick Jagger, Keith Richards, Ron Wood e Charlie Watts, conta a história da “maior banda de rock de todos os tempos” com uma riqueza de detalhes até então inédita.


O livro, em formato grande (30x22 cm) e com capa dura, traz nada mais nada menos que 328 fotos espalhadas por suas 360 páginas! Lançado no Brasil pela editora CosacNaify, According to the Rolling Stones é considerado pelos fãs e pelos estudiosos do grupo como o mais completo livro já produzido sobre a banda e uma espécie de Anthology do grupo, em uma alusão ao projeto que passou a limpo a carreira dos Beatles durante a década de 90.


A ideia para a publicação surgiu em 2002, durante as comemorações pelos 40 anos de carreira do conjunto. Os organizadores da obra, Dora Loewenstein (filha do Príncipe Rupert Loewenstein, que administrou as finanças dos Stones por mais de três décadas) e Philip Dodd contaram com a preciosa ajuda de Tim Rice (ele mesmo, o eterno letrista e parceiro de Elton John em dezenas de canções) e Rob Bowman (estudioso canadense especializado em rock, blues e soul) nas rodadas de entrevistas que deram origem à obra. O resultado é um texto franco, transparente e rico em detalhes e, principalmente, diferenciado por trazer a opinião dos próprios Stones sobre todos os períodos de sua longa história.




Da paixão inicial pelo blues ao envelhecimento na estrada, Mick, Keith, Ron e Charlie não têm papas na língua para falar sobre qualquer assunto. É delicioso viajar ao lado da banda através da década de 60, quando o pop e o rock estavam mudando o mundo e os Stones eram um dos principais protagonistas dessa transformação. Um dos pontos mais legais do livro está justamente nesse período, com Jagger e Richards relembrando como era a sua relação com os “rivais” Beatles. Resumindo: uma aula prática sobre a história do rock, cujos professores são dois dos seus principais personagens.


Os anos setenta, período em que o grupo redefiniu – ao lado de Led Zeppelin, diga-se de passagem – o conceito de banda de rock com seus excessos, loucuras e egos sem limites, são outro destaque de According to the Rolling Stones. São dessa época as histórias mais fantásticas e surreais da carreira da banda, várias delas alguns dos pontos mais inacreditáveis da história do rock, como a orgia infinita da famosa turnê de 1972 – cujos alguns dos momentos mais picantes foram eternizados no famoso documentário Cocksucker Blues, proibido pelo grupo -; o suposto caso de Mick Jagger com Margaret Trudeau, esposa do então primeiro-ministro do Canadá – na verdade quem pegava a moça era Ron Wood, mas, em represália, a barra pesou para Keith, que foi flagrado com cocaína e preso no país -; e a insana gravação do álbum Exile in Main Street em uma mansão francesa que era um antigo abrigo para nazistas, com um Keith Richards entupido de doses industriais de heroína liderando a banda na concepção de um de seus melhores discos.




O que torna o livro único é a franqueza com que a banda fala dos mais polêmicos assuntos, sem fugir da discussão em nenhum momento. Do desgaste e gradativo afastamento de Brian Jones, que culminou com a saída do guitarrista pouco antes de sua morte prematura, passando pela produtiva fase com Mick Taylor e o afastamento de Bill Wyman, o quarteto não se furta de comentar nada. O que chama a atenção, contudo, é o proposital pouco foco dado a Wyman em todo o livro.


As fotos que compõe According to the Rolling Stones – 328, para ser mais exato -, são um banquete para os fãs. De imagens raras de Mick e Keith ainda crianças até flagrantes atuais, a viagem visual proporciada é inebriante. Há uma fartura de fotos raras e pouco conhecidas do grupo, e também dos integrantes da banda em momentos mais íntimos, acompanhados de seus familiares. Essa epopeia visual, aliada à força do texto, transforma o livro em uma obra fundamental para os fãs dos Stones e do rock em geral.


Completando, estão espalhados por todo o livro vários depoimentos de pessoas próximas ao grupo. Nomes como Ahmet Erregun (um dos fundadores da gravadora Atlantic), o produtor Don Was e a cantora Sheryl Crow falam da sua relação pessoal com a banda, em testemunhos interessantíssimos.




Os 12 capítulos de According to the Rolling Stones formam um dos documentos mais completos já publicados a respeito dos Stones e, consequentemente, sobre a própria história do rock and roll e em como ele mudou a sociedade nos últimos cinquenta anos. Há uma verdade desconcertante em cada página da obra, o que a torna muito mais verdadeira do que poderia se supor de uma biografia oficial.


According to the Rolling Stones será seu companheiro por vários dias e proporcionará divertidíssimos e ricos momentos a quem se aventurar por suas páginas. Leitura obrigatória e, mais do que isso, extremamente prazerosa.


Um investimento certeiro, que vale muito a pena!


Comentários

  1. Acabei de comprar o livro na internet por conta dessa tua resenha. Achei bem conta o preço dele (R$ 80,00 com frete grátis). Ainda não havia comprado porque não havia saído a edição em português. Mas agora com essa tua informação chegou a hora. Valeu Cadão! É por isso que sou fã do Collector's room.

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  2. Comprou onde, Aldo? Pergunto porque a informação que a editora me passou é que ele seria vendido por R$ 119, portanto você pagou barato. E o livro é demais, você vai ver quando chegar.

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  3. Comprei no site do Extra

    Esse é o link http://www.extra.com.br/livros/BiografiasCartasMemorias/Biografias/According-To-The-Rolling-Stones-a-Banda-Conta-sua-Historia-349021.html

    Acredito que deva ser o melhor preço para esse livro não é mesmo?

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  4. Acho que sim, e o livro vale muito mais, você vai ver.

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  5. Comprei esse livro em 2006 quando fui assistir aos Stones em Buenos Aires. Edição em espanhol. Vale muito a pena. Acho que vou comprar essa edição em português também.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Ricardo, você já ouviu falar em Taddy Porter? Fui num show em NYC pra ver Slash e os caras fizeram um dos shows de abertura. Bom pra ca*@¨¨$&@*_#%ralho. Eles lançaram um disco em 2010 e só por enquanto! Depois me diz o que achou. Rock and roll puro, na veia, agressividade na medida certa. abs

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  8. Eu não li a bio do Keith Richards ainda, ta aqui enfeitando a estante, mas esse eu tenho que ter também...

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