The Devil's Blood: crítica de 'The Thousandfold Epicentre' (2011)


Nota: 9

O Devil's Blood é um dos nomes mais interessantes do metal atual. A banda holandesa formada pelos irmãos Selim (guitarra, compositor e mente criativa por trás do grupo) e Farida Lemouchi (vocal, que atende pela alcunha de The Mouth of Satan) – o restante dos músicos, todos muito bons, são apenas coadjuvantes – conseguiu algo raro hoje em dia: criar uma sonoridade única, cheia de personalidade e pra lá de cativante.

O som do Devil's Blood tem três grandes fontes de inspiração: a psicodelia dos anos 60, o hard rock setentista e o ocultismo do heavy metal da década de 80. Unindo esses três elementos com sabedoria, a banda deu à luz a um novo som. The Thousandfold Epicentre, segundo trabalho do grupo, é um disco climático, às vezes esotérico, mas sempre com uma carga dramática intensa. Com composições excelentes, repletas de passagens acústicas e guitarras cheias de melodia, leva o ouvinte através de uma viagem espiritual através das sombras.


As letras exploram elementos do satanismo, cristianismo, hinduismo e filosofia gnóstica, convergendo em uma leitura bastante pessoal do culto a Satã. Esse aspecto é acentuado pelo impressionante visual da banda no palco, onde os músicos tocam cobertos de sangue e cercados por velas, crucifixos invertidos e coisas do gênero. A associação com outro fenômeno do metal atual, o Ghost, é inevitável, e as duas bandas, apesar de possuírem identidades próprias e bem definidas, estão mais próximas do que distantes.

Comparado à estreia The Time of No Time Evermore (2009), o novo disco soa um tanto diferente. Enquanto o debut impressionava principalmente pelas onipresentes melodias de guitarra que pareciam saídas de um disco perdido do Thin Lizzy, o novo álbum foca mais no psicodelismo. As melodias estão ali, mas como menos evidência. O forte de The Thousandfold Epicentre são as passagens mais atmosféricas, que ambientam a música do Devil's Blood em um terreno pouco explorado por outros grupos, e por isso mesmo tão especial.

Você que vive reclamando que não existem novas bandas interessantes no heavy metal, deixe a preguiça de lado e ouça o Devil's Blood. A banda é excelente, e seu segundo disco é um trabalho cheio de liberdade e imaginação.



Faixas:
  1. Unending Singularity
  2. On the Wings of Gloria
  3. Die the Death
  4. Within the Charnel House of Love
  5. Cruel Lover
  6. She
  7. The Thousandfold Epicentre
  8. Fire Burning
  9. Everlasting Saturnalia
  10. The Madness of Serpents
  11. Feverdance

Comentários

  1. Ricardo, concordo totalmente com sua resenha, e digo que é um dos melhores discos de 2011. Não consigo parar de ouvir duas músicas desse álbum: "On The Wings Of Gloria" (que para mim soa como um Hawkwind pesado com vocais femininos) e a fodona "Fire Burning".

    Abraços e parabéns pelo blog!

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  2. Eu adorei a faixa título e "She". Aliás, acho que da metade em diante o disco cresce assustadoramente.

    Obrigado pelo comentário, e seja bem-vindo.

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  3. CARACA...MEU DEUS !!!!!!

    ESSA BANDA É SIMPLESMENTE MARAVILHOSA !!!!!

    Todos estão falando do Ghost... que é muito bom mesmo...mas em termos sonoros estes caras aqui são imbativeis....

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  4. Banda foda demais, não paro de escutar...

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