Kid Vinil - Almanaque do Rock


Por Ricardo Seelig
Colecionador

Cotação: ***1/2

Um dos mais conhecidos críticos musicais e colecionadores de discos do Brasil, Kid Vinil é uma figura quase mitológica na cena musical brasileira. Contando em casa com mais de 20 mil discos, entre LPs e CDs (e você pode comprovar isso nas duas entrevistas que realizei com Kid, pequisando aqui no blog), o ruivo bigodudo é uma sumidade no assunto. Portanto, o seu nome estar à frente de um projeto como esse
Almanaque do Rock só poderia ser uma ótima notícia.

Contando com 248 páginas, centenas de fotos, papel de alta gramatura e uma excelente qualidade gráfica, o livro foi lançado em 2008 pela editora Ediouro e é uma grande fonte de pesquisa para quem gosta de música. Kid Vinil inicia seus trabalhos lá nos anos 50, recontando os caminhos dos pioneiros que criaram o rock and roll, e vai até os anos 2000, com as atuais tendências que dominam o estilo.

A obra é dividida em décadas, com cada uma destrinchando os diversos sub-estilos que o rock pariu. Destaque positivo para os textos das décadas de 50 e 60, repletos de informações históricas e curiosidades que irão fazer a alegria de qualquer fã de música.

No capítulo destinado aos anos 70 há um destaque desmedido ao punk em detrimento a outros movimentos musicais tão ou mais importantes, como o hard rock, o início do heavy metal e o rock progressivo. Essa tendência fica evidente nos capítulos destinados às décadas de 80 e 90, com Kid mantendo o foco exageradamente na cultura indie e colocando todo o resto em segundo plano. Mas não se pode culpar exclusivamente o autor por esse deslize, já que essa característica é um cacoete de grande parte de crítica especializada brasileira, cria de extinta revista
Bizz, que sempre endeusou nomes como Happy Mondays na mesma proporção em que demonstrou má vontade perpétua em relação a ícones como Iron Maiden.

Outra mancada é a ausência de um índice remissivo no final do livro, que seria de extrema valia para auxiliar na pesquisa de informações, que é a essência de ser de todo e qualquer almanaque. Essa falha pode ser corrigida nas edições futuras, então é torcer para que isso aconteça.

De uma maneira geral, o
Almanaque do Rock cumpre bem a sua função, que é apresentar para os leitores toda a história e trajetória do gênero musical mais popular do mundo. Um bom livro, que ficaria ainda melhor caso as falhas apontadas no texto não existissem.


Comentários

  1. Eu já sacava isso...Kid vinil é um profundo conhecedor de Rock, mas me parece não dar muita bola para o Hard Rock setentão, Heavy Metal de 80 e progressivo. Parece que sua onda é mais o Punk e o indie, e coisas de "Tiozão" como Bowie, Lou Reed etc. Valeu pela resenha do livro, se não tivesse esses deslizes quanto à estes gêneros eu pegaria na hora! Luciano

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  2. Cadão...
    No começo da resenha eu até abri o Submarino para ver o livro, mas acabando a resenha perdi a vontade...
    O punk e o movimento indie tem sim muita imortancia, mas não podem ser comparados ao progressivo, hard rock e heavy metal...

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  3. Entendi perfeitamente o que você quis dizer. O Kid é um cara muito legal, porém faz parte da imprensa que idolatra o chamado "alternativo" e trata com desdém e asco o rock progressivo e metal.

    E olha que ele é um dos mais legais, porque se você lê os textos de algus jornalistas da geração dele, desses que escrevem ou escreviam pra Folha ou Caderno 2, dá até nojo a má vontade.

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